Hoje, 5 de novembro, marca o aniversário de falecimento do homem cujo nome, para os iranianos, está profundamente ligado ao do Comandante dos Fiéis, o Imam Ali (A). Isso porque sua obra mais famosa foi escrita com base no chamado de justiça humana do Imam: Jorge Jordac.
Jorge Semaan Jordac, literato e pensador cristão libanês, ao escrever a coleção de vários volumes “Al-Imam Ali, Sawt al-Adala al-Insaniyya” (Imam Ali, a Voz da Justiça Humana), prestou um serviço cultural e científico profundo ao pensamento islâmico e à biografia do Imam Ali (A). Ao contrário da abordagem tradicional de muitos estudiosos sunis e xiitas — que geralmente se concentravam na coleta de hadiths, argumentos jurídico-teológicos ou relatos históricos — Jordac olhou para o Nahj al-Balaghah com um olhar investigativo, explorador e universal. Ele não entrou como um historiador ou jurista, mas como um “descobridor”, alguém que buscou apresentar o Imam Ali (A) “como ele realmente é”, e oferecer sua mensagem às gerações modernas.
A visão de Jordac sobre o Nahj al-Balaghah: uma palavra excepcional e um legado humano
Jordac conseguiu, com profunda percepção, penetrar nas camadas do discurso extraordinário do Nahj al-Balaghah, considerando-o uma das razões de sua “eternidade”. Ele afirma que, além da profundidade e universalidade de seu conteúdo, a genialidade da palavra do Imam foi usada exclusivamente “para servir a humanidade” — nunca para ganhos pessoais, materiais ou para agradar governantes.
Ao analisar o conteúdo do livro, ele mostra como o Nahj al-Balaghah discute temas essenciais e eternos da vida humana: liberdade e escravidão, riqueza e pobreza, justiça e opressão, conhecimento e ignorância, guerra e paz, e a luta contínua por uma vida melhor e uma sociedade mais justa.
Destaca que no Nahj al-Balaghah não há exaltação dos “poderosos opressores”, mas elogio à luta dos “oprimidos” e defesa de seus direitos legítimos.
Assim, Jordac chama o Nahj al-Balaghah de um “livro atual e eterno”, pois trata do “respeito aos direitos humanos e à vida livre”, algo que nunca deixará de ser relevante. Ele considera o livro um patrimônio cultural único, capaz de resolver os impasses e ambiguidades da vida humana em qualquer época.
Aspectos negligenciados da vida do Imam Ali (A) e o método investigativo de Jordac
O maior mérito de Jordac foi iluminar aspectos pouco discutidos da vida do Imam Ali (A), retirando-o das limitações históricas e sectárias e revelando-o como um modelo universal. Ele extraiu ideias inovadoras das palavras do Imam que nem mesmo estudiosos muçulmanos haviam destacado antes — por isso dizia ser um “descobridor”, e não apenas um autor.
Ele analisou a personalidade do Imam por múltiplos ângulos, comparando seu pensamento ao de grandes filósofos e pensadores da história, apresentando Ali (A) como uma figura humana superior e um líder da civilização.
O foco de Jordac foi o aspecto universal da justiça, razão pela qual chamou sua obra de “A Voz da Justiça Humana”. Ele acreditava que o Nahj al-Balaghah traz caminhos novos para a humanidade — caminhos que, segundo ele, nem mesmo povos árabes e muçulmanos haviam valorizado plenamente.
Ao evitar partidarismos religiosos, Jordac apresentou um Imam Ali (A) claro, puro e acessível. Não se limitou a coletar relatos, mas buscou compreender e explicar seu pensamento vivo e profundo. Assim, apresentou Ali (A) como “um ser humano perfeito que nunca morre”.
Sobre a obra “A Voz da Justiça Humana”
A coleção “Al-Imam Ali, Sawt al-Adala al-Insaniyya” não é uma biografia comum, mas uma análise profunda e universal da personalidade e pensamento do Imam Ali (A). Publicada originalmente em Beirute nas décadas de 1950 e 1960, foi considerada um marco no pensamento árabe e islâmico — até mesmo fora do mundo muçulmano.
A obra possui cinco volumes principais, cada um abordando uma dimensão da grandeza do Imam:
1. Ali e os Direitos Humanos
Explora a vida, virtudes e conhecimentos do Imam Ali (A), e sobretudo seu projeto de sociedade justa sem desigualdade. Destaca-se a análise do Pacto de Malik al-Ashtar, que Jordac considera um dos documentos mais perfeitos de administração justa e defesa dos vulneráveis.
2. Ali e a Revolução Francesa
Jordac compara princípios ali (A) anos antes dos ideais da Revolução Francesa — liberdade, igualdade e fraternidade. Mostra que ideias defendidas por pensadores como Rousseau e Montesquieu já estavam presentes na prática e no discurso do Imam.
3. Ali e Sócrates
Analisa a proximidade filosófica entre Imam Ali (A) e Sócrates, mostrando como ambos buscavam a felicidade humana através da virtude, ética e sabedoria — com a diferença de que Ali (A) aplicou esses princípios também na prática governamental.
4. Ali e sua Época
Um estudo histórico sobre o período do Imam, a tensão entre as casas omíada e haixemita, e os acontecimentos que levaram ao seu martírio. Jordac destaca o espírito reformador e a luta incansável do Imam pela justiça.
5. Ali e a Identidade Árabe
Examines o impacto do Imam na formação intelectual e moral da identidade árabe. Jordac mostra como Ali (A) renovou o espírito crítico, a coragem e a busca pela verdade dentro da cultura árabe.
Conclusão
A obra de Jorge Jordac, com sua abordagem comparativa e humanista, transformou a imagem de Ali (A) de uma figura histórica e religiosa em um modelo universal de justiça, liberdade e grandeza humana. Ele revelou camadas profundas da personalidade do Imam — aspectos que, por séculos, permaneceram ignorados — e o apresentou como uma luz eterna para toda a humanidade.
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